Viciado em Cinema e TV (A Sequela) por Nuno Cargaleiro

Março 13 2007

 

 Cada vez mais fico fã da realização de Todd Field. Realizador de intimidades, consegue transmitir no comum do dia à dia a intensidade que sentimos na nossa vida. As personagens ultrapassam o estatuto de ficção e podemos visualizar, ou até mesmo identificar-nos com muitas delas. Tudo isto é feito com uma honestidade com o espectador e generosidade para com a história.

"Little Children" não é um filme sobre crianças, mas sobre os adultos, que perdidos no quotidianos comportam-se como seres de rituais insatisfatórios, mas vistos como necessários. A mulher que aspira por mais na vida, o homem que vive preso ao passado que poderia ter tido, aquele que necessita de um objectivo na vida para sentir-se especial, a mãe carinhosa que luta para não perder por completo o seu filho, e o aparente monstro que na realidade a única coisa que quer é ser capaz de viver o presente. Todos eles são apresentados sem um moralismo evidente. Vemos os seus lados públicos e intimos, onde a aparência se dilui, contudo a mestria de Todd Field acaba por valorizar o filme... Em vez que cair no cliché de jogar com os contrastes do aparente e real, Field é fiel ao conceito original do livro em que se baseia e demonstra um degradé da personalidade de cada, onde as personagens não se traem a si mesmas.

Kate Winslet e Jackie Earle Haley são do elenco os actores que mais se distinguem, mantendo a mesma sintonia de honestidade que emana de todo o projecto. Quanto ao restante elenco, mantem a solidez necessária para uma história que se desbroda entre vários percursos, dando-se especial destaque a Phyllis Somerville, uma extremosa mãe que ultrapassa as barreiras sociais para conseguir alcançar o seu filho (um "predador sexual" previamente condenado), de modo a conseguir garantir o seu futuro.

Filme sólido e genuino, "Little Children" é um exemplo que ofusca as estratégias creativas de séries como "Donas de Casa Desesperadas", revelando-nos imagens de gente à deriva em busca de mão, de um sentido, de uma identidade, que nem uma criança em observação do mundo que a rodeia.

 

Excelente

5 estrelas

 

 

publicado por Nuno Cargaleiro às 14:10
Tags:

Março 2007
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9


19

28


arquivos
pesquisar