Ofelia: My name is Ofelia. Who are you?
Pan: Me? I've had so many names. Old names that only the wind and the trees can pronounce. I am the mountain, the forest and the earth. I am... I am a faun. Your most humble servant, Your Highness.
Guillermo del Toro arrisca-se a com cada projecto alcançar o estatuto, ou até mesmo ultrapassar, de Tim Burton como realizador especializado (e com sucesso) de cinema fantástico. Um bom indício disso é "O Labirinto do Fauno" ter ganho vários BAFTA's e Oscares (para além do Prémio de Melhor Filme no Fantasporto 2007). Dono de uma visão específica, del Toro consegue reunir-se por profissionais eximios na sua área (sejam eles de ordem técnica ou de interpretação), que confiam e dedicam-se até o resultado ser o pretendido. Esse tipo de dedicação salta à vista durante o prazer que é ver este filme. Não é qualquer um que faz um filme em espanhol e apresenta actores norte americanos (Doug Jones por exemplo, no papel do misterioso Fauno) a falar efectivamente espanhol... correcto!
O Labirinto do Fauno é uma fábula adulta, onde os mais novos atendem ao mágico e evidente, e onde os mais crescidos reconhecem o mesmo trajecto de Ofélia, desejando o sucesso da sua missão, de modo a salvar-se a si (e ao seu irmão prestes a nascer) deste mundo cinzento, cru e brutal. Este labirinto apresentado no próprio título e representado no argumento por muralhas de pedras caídas, esquecidas pelo tempo, são no fundo a metáfora da perda de inocência, e do sofrimento que pode vir daí, quando confrotados com o choque do nosso próprio mundo com o mundo real. Del Toro consegue orquestrar esse trajecto de um modo delicioso, no qual a direcção artística referente ao aspecto fantástico tem uma importância fulcral, fazendo-nos retroceder até às memórias da nossa infância e às nossas antigas crenças sobre um mundo imaginário. Graças a isso, colocamo-nos ao nível de Ofélia, e deixamo-nos guiar por ela...
Ofélia, desempenhada pela jovem Ivana Baquero (de 12 anos), é de uma beleza mágica. A sua interpretação não a distancia da imagem de uma menina normal, mas consegue, sem cair no exagero, a força e determinação que caracteriza a personagem. Quanto aos adultos, é de destacar Doug Jones no papel de Fauno, que mais uma vez descaracteriza-se fisicamente para nos mostrar uma figura fantástica (será o Surfista Prateado no próximo filme do Quarteto Fantástico). Para além disso, quer Sergi López (nomeado em variadíssimos Festivais pelo seu desempenho neste projecto) e Maribel Verdú (a protagonista de "E a tua mãe também"), respectivamente o Capitão e a Criada Mercedes, sendo estes protagonistas de uma das cenas mais agressivas de "Labirinto do Fauno".
Um filme para encantar, entreter, refletir e ansiar pelo próximo projecto de Del Toro.
Muito Bom
4 Estrelas