"Xerxes: Cruel Leonidas demanded that you stand. I require only that you kneel."
O filme "300" antecipou desde cedo grande expectativa, maioritariamente por duas razões: afirmou-se como um blockbuster desde o início (o que é sempre positivo para o marketing e divulgação), e surgiu com a herança de Sin City , visto ser baseado na obra do mesmo autor, Frank Miller , e apresentar-se com o mesmo conceito: imagens claramente baseadas na visão de Miller , e fidelidade com o espírito original da história.
O filme é um autêntico luxo para os olhos, usando com consciência a câmara para retratar o álbum gráfico em que se baseia. O uso adequado de movimentos acelerados, de modo a intensificar todo o cenário de confronto, ajuda naquilo que é o principal e o bruto do filme: a sensação e espanto rápido do espectador perante um bom filme de acção.
Porém, para ligeira insatisfação minha, "300" padece daquilo que cada vez mais se odeia neste momento na indústria cinematográfica... Com o uso cada vez maior de CGI , muitos projectos negligenciam várias dimensões, nomeadamente a direcção de actores, e o próprio argumento.
Os cenários gerados artificialmente funcionam perfeitamente para o espanto inicial do espectador, e as cenas de combate são brutais, com sangue vermelho vivo (a lembrar o vermelho vivo da BD , pormenor que me agradou inesperadamente) a jorrar, com membros e cabeças decepados num único plano. A direcção artistica de "300" trouxe a lição bem estudada: em equipa que vence não se mexe. E nestes aspectos, maior parte do mérito como criativo é de Miller .
Os actores fazem aquilo que lhes é pedido: são competentes, mas não são extraordinários. Nem Dominic West , nem Lena Headey ou Rodrigo Santoro marcam a personagem. A personagem é que os destaca a eles. O único que até consegue sobressair é Gerard Butler , já que consegue dar carisma ao Rei Leónidas que interpreta. Neste filme, ele tem a responsabilidade, em termos de interpretação, de carregar o filme, com o perigo de exagerar. Teve a prova superada, mas acredito que se continuar num bom caminho, que faria um melhor trabalho daqui a alguns anos. Não é uma crítica à sua capacidade como actor, mas da sua inexperiência em suportar, como imagem principal, um projecto desta envergadura (apesar de já ter participado em blockbusters anteriormente, é neste que o seu nome surge em destaque, invés de ser secundário. nota: "O Fantasma da Ópera" não pode ser considerado um blockbuster ).
No geral é um espectáculo de filme, não admirando os resultados extremamente positivos que está a atingir, quer em termos de audiência, quer no parâmetro do lucros obtidos. Contudo, não é um filme espectacular, e muito ajuda a isso, o facto de não ter o mesmo culto e envolvimento que verificou-se em Sin City ".
Ideal para ver numa boa sala de cinema, num dia em que vos apeteça simples, mas eficaz, entretenimento.
Bom
3 Estrelas