Viciado em Cinema e TV (A Sequela) por Nuno Cargaleiro

Julho 27 2007

 

 

 

"A Rapariga Morta" é uma experiência interessante sobre o impacto que um acontecimento pode ter na vida de outros, determinando por vezes, situações que geram mudança, e apresentam um melhor rumo para esta personagem. Como se a natureza vivesse num equilíbrio, onde a desgraça de um pode perspectivar, indirectamente, a felicidade de outros, ou pelo menos uma consciência diferente do mundo que os rodeia, compensando o mundo da perda de mais um elemento.

 

Dotado de um elenco feminino fabuloso, é sobretudo a imagem de Rose Byrne, Piper Laurie, Marcia Gay Harden, Kerry Washington, e Mary Beth Hurt (que faz transparecer a sua personagem numa nudez incomodativa) que sobressaem do núcleo que oscila entre o morno e o apaixonante. Especial menção para Brittany Murphy, que consegue destoar da imagem que tem passado nos seus últimos filmes, modificando inclusive a voz para um tom mais grave, a fim de se entregar a uma personagem que deve ter sido das maiores prendas que recebeu nos últimos tempos!...

 

Ao contrário de muitas películas de múltiplos enredos, "A Rapariga Morta" apresenta as suas histórias separadamente, como se fossem um conjunto de curtas metragens centradas num único tema: a morte por homicídio (brutal) de uma rapariga. A despersonalização do cadáver acaba por causar impacto na vida de mulheres que aperentemente não se sentiriam ligadas por esta figura quando esta estaria viva: uma adulta "estranha" feita adolescente dominada pelo espírito castrador da sua mãe, a "eterna" irmã de uma criança desaparecida, a esposa queixosa que confronta-se com a felicidade do seu casamento, e uma mãe que se questiona o quanto conhecia a sua filha!...

 

Apesar desta separação de enredos permitir uma maior concentração por parte do espectador, também revela os maiores defeitos do argumento. Verificamos momentos, como a história inicial, a cargo de Toni Collette, que se tornam desinteressantes, em contraste com os segmentos da "irmã" e da "esposa", onde sentimos que muita história ficou por contar. Talvez se a organização fosse outra, apresentando os diversos núcleos de um modo cruzado, esta sensação fosse atenuada. Contudo, esta situação não retira valor ao filme, simplesmente não atribui a qualidade que seria desejada.

 

Uma história de mulheres, onde a imagem de "uma rapariga morta" confronta-as com a sua mortalidade e resignação quanto ao seu quotidiano, como se um benefício fosse, num acaso do destino que tira de uma mão para apresentar rumos a outros que ainda têm oportunidade em terem oportunidades...

 

Bom

3 Estrelas

 

publicado por Nuno Cargaleiro às 01:00
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Estou de acordo com a maior parte das coisas. Ao contrário do que diz, não acho que a história de Toni Collette tenha sido desinteressante. Começou logo ali por causar foi um certo desconforto talvez. Mas foi muito bem conseguida. E em relação ao tempo despendido nas restantes histórias, também acho que foi o ideal. Para mim bastou aquele título antes de cada história para que eu gerasse na minha cabeça uma enchente de emoções relativas à personagem que apresentavam... não sendo assim necessário prolongar muito mais a história de cada uma, contando algo antes ou adicionando algo depois.

Mas de resto, sim estou de acordo. Bela crítica :)
Marco a 27 de Julho de 2007 às 20:26

Compreendo os teus argumentos. Simplesmente acho que cada história funcionava melhor se fossem curtas isoladas. Assim parece que são demasiado rápidas no seu desenrolar. Se não estivessem separadas, como muitos filmes fazem, não se novata tanto. Mas é um bom filme. Abraço

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