Viciado em Cinema e TV (A Sequela) por Nuno Cargaleiro

Outubro 25 2007

 

 

 La Bastille

 

Il pleut des cordes sur le genie
de la place de la Bastille
nous marchons sous un ciel gris
Perce par des milliers d'aiguilles
Il pleut des cordes sur le genie
les nuages trop lourds s'abandonnent
de l'eau pour les gens de Paris
pour l'ange nu sur la colonne

a l'horizon de nos fenetres
plus rien ne bouge plus rien ne vit
comme paris semble disparaitre
dilue dans de l'eau de pluie
a l'horizon le ciel defait
l'ange ruisselant se dessine
on voudrait s'aimer a jamais
sous cette pluie que rien ne termine

Il pleut encore sur le genie
de la place de la Bastille
boire du the tout l'apres-midi
de ces dimanches de camomille
il pleut des cordes sur le genie
qui aurait cru que si peu d'eau
ferait fuir les gens de Paris
laissant l'ange trop seul et trop haut

a l'horizon de nos fenetres
plus rien ne bouge plus rien ne vit
comme Paris semble disparaitre
dilue dans de l'eau de pluie
a l'horizon le ciel defait
l'ange ruisselant se dessine
on voudrait s'aimer a jamais
sous cette pluie que rien ne termine
hum hu hu hum hu hu hum

Il pleut toujours sur le genie
de la place de la Bastille
nous nous couchons avant minuit
dans des draps chauds qu'on eparpille
il pleut toujours sur le genie
on sort des repas de famille
l'ange ruisselant dans la nuit
deploie ses ailes sur la Bastille

 

 A palavra cantada desnuda-se sincera e honesta neste filme. Muito mais do que algum dos filmes que vi nos últimos tempos "As Canções de Amor" de Cristophe Honoré representam a dor, humor, amizade e amor do quotidiano, onde as faces vivem entre si, numa estranha harmonia motivada por um certo anjo da Bastilha, em forma de anjo de mudança, num misto de desgraça e vida.

 

A escolha da letra de "La Bastille" para ilustrar o início desta crítica não foi por acaso. Entre o relato do abandono de gente das ruas de Paris por causa da chuva existe um definição do próprio projecto. Talvez por ser cantado por uma "família", talvez porque antecipa o inesperado, ou talvez porque define o espaço de toda a acção. A chuva também acaba por "lavar" o passado, e sobretudo, na minha visão, é sobre isto que o filme fala numa experiência sensorial para o ouvido mais enferrujado: as canções de amor têm um tempo, mas nunca deixam de ser o que foram.

 

À primeira vista, este filme pode causar alguma resistência, quer por ser cinema francês, quer por ser um musical. Contudo, só me fez querer conhecer mais deste realizador, cujos anteriores projectos tive contacto, mas nunca cheguei a conhecer a fundo. Nunca vi "Ma Mére" nem o tão elogiado "Dans Paris", e devo dizer agora que para muita pena minha!

 

Cristophe Honoré revela-se como um director atento e criativo, onde o discurso atinge quem tem simplesmente a predisposição de ouvir. O argumento de "Les Chansons D'Amour" é prova viva disso. Desde o primeiro trailer, até ao primeiro minuto do filme, Honoré articula-nos numa mestria cuidada, procurando diminuir as nossas defesas para aquilo que nos espera. E após isso tudo, desnudamo-nos perante tanta honestidade e vida que acabamos por seguir as linhas cantadas das personagens como se quisessemos nós cantar alguns dos momentos da nossa vida. 

 

Os actores são competentes, com especial atenção ao triângulo original: Louis Garrel, Ludivine Sagnier e Clotilde Hesme. Chiara Mastroianni, Grégoire Leprince-Ringuet e Brigitte Roüan também se evidenciam, embora de um modo ligeiro quando comparado com a intensidade dos primeiros. As suas interpretações musicais são sentidas ao mais pequeno diálogo, com especial enfoque para o "Si tard" de Ludivine Sagnier, numa das cenas mais emotivas do filme.

 

Sobre o enredo, hão de reparar que nenhum bloguista o desvenda por completo. Esse conceito é uma das almas do projecto. Num retrato sobre o quotidiano, num espaço citadino, o inesperado vive a cada esquina e a cada pessoa com que se cruza. A moral da história deixa de existir e cada um define a sua vida. As pessoas são pessoas e demarcam-se por si, conquistando o seu espaço, e dando-se ao outro. O amor vive nas ruas de Paris para quem quiser encontrar, pretender receber, abraçar e quiser cantar "Amo-te".

 

Um filme onde o riso se confunde com a emoção, e a honestidade de cada letra inspira cada espectador para a sua caminhada de regresso a casa.

 

Honestamente, para mim, uma das maiores surpresas deste ano, e com toda a certeza um dos melhores filmes desde há algum tempo.

 

Exclente

5 estrelas

 

 

 

 

publicado por Nuno Cargaleiro às 01:42
Tags:

Dos melhores filmes dos últimos anos.
Carlos Pereira a 18 de Novembro de 2007 às 18:28

Concordo!...
Nuno Cargaleiro a 18 de Novembro de 2007 às 18:56

De
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